AS IDENTIDADES NEGRAS E OS GOVERNOS DAS CONDUTAS: UMA REFLEXÃO EDUCACIONAL ANTE TENSÕES

DOI:

https://doi.org/10.17564/2316-3828.2023v12n1p373-387

Autores/as

Palabras clave:

governamentalidade, relações étnico-raciais, identidades negras

Publicado

2023-10-26

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Resumen

Este texto mostra uma possibilidade de reflexão educacional nas articulações entre a governamentalidade e as relações étnico-raciais em torno das tensões históricas das identidades negras com os governos das condutas. A governamentalidade caracteriza-se como a prática refletida de governo correlativa às práticas de poder e aos processos de subjetivação. No que se refere ao panorama das relações étnico-raciais, a governamentalidade apresenta-se como uma estratégia que procura modular práticas de controle sobre as condutas a partir dos dispositivos ligados ao racismo e à neutralização das resistências e insurgências negras. Podemos rastrear como as identidades negras, historicamente marginalizadas, estão em processos contínuos de diferenciação e ressignificação pelos quais outras condutas surgem. Esses processos sinalizam as experiências educadoras das identidades e diferenças negras em políticas produtoras de condutas insurgentes e resistentes, encarando o racismo.

Biografía del autor/a

José Bonifácio Alves da Silva, Universidade Regional de Blumenau

Faz estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Educação da Fundação Universidade Regional de Blumenau (PPGE-FURB), é coeditor da Revista Atos de Pesquisa em Educação e participa do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da FURB. Licenciado em História (2010) pela Universidade Católica Dom Bosco, mestre em Educação (2013) pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Católica Dom Bosco (PPGE-UCDB) e doutor em Educação (2018) pelo PPGE-UCDB. Estuda principalmente os seguintes temas: ensino de história, currículo, cultura, identidades e diferenças culturais nos contextos educativos, multiculturalismo e interculturalidade em educação, representações culturais e educação antirracista. É membro do Grupo de Estudos e Pesquisas Educação e Diferença Cultural - vinculado à Linha de Pesquisa Diversidade Cultural e Educação Indígena do PPGE-UCDB, mas também do Grupo de Pesquisa Políticas de Educação na Contemporaneidade e do Grupo de Pesquisa Educogitans - vinculados à Linha de Pesquisa Educação, Cultura e Dinâmicas Sociais do PPGE-FURB.

Rodrigo Diaz de Vivar y Soler, Universidade Regional de Blumenau

Bacharel em Psicologia pela UNESC (2007), Mestre em Psicologia pela UFSC (2011), Doutor em Filosofia pela UNISINOS. Professor efetivo do curso de Psicologia da FURB desde agosto de 2018; É Professor colaborador do Mestrado em Educação da FURB; Autor do livro: Michel Foucault e a Ética do Cuidado de Si: desdobramentos históricos e desterritorialização da subjetividade (São Paulo/Baraúna, 2010); É um dos organizadores do Livro Michel Foucault e as Ciências Humanas: transversalidades, leituras, apropriações (Curitiba, CRV). Desenvolve pesquisas arqueológicas e genealógicas a partir do pensamento de Michel Foucault, Giorgio Agamben e Gilles Deleuze. É membro, desde outobro de 2016, do Grupo de Trabalho de Filosofia Política Contemporânea vinculado a Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (ANPOF). Integra desde 2015 o Grupo de Pesquisa em Ética, Biopolítica e Alteridade vinculado ao Programa de Pós-graduação em Filosofia na UNISINOS. É membro, do Grupo vinculado ao CNPq intitulado Deleuze, Guattari e Foucault: elos e ressonâncias vinculado ao Programa de Pós-graduação em História da UNESP de Assis. Integra desde 2018 o LABEAM - Laboratório Blumenauense de Estudos Antigos e Medievais - vinculado a FURB.

Gustavo Capobianco Volaco, Centro Universitário Facvest.

Psicanalista; Graduado em Psicologia pela PUC-PR; Pós-graduado em Literatura Brasileira e História Nacional pela UTFPR; Mestre em Letras pela UFPR; Doutor em Literatura pela UFSC e Pós-Doutor em Psicologia Clínica pela USP. Ex-membro da Biblioteca Freudiana de Curitiba - Centro de trabalho em Psicanálise; ex Analista e Membro Fundador da LETRA - Associação de Psicanálise; Docente e Coordenador do Curso de Psicologia do Centro Universitário Unifacvest. Professor Permanente do Programa Mestrado em Práticas Transculturais (Unifacvest). Autor dos livros Para quê serve uma Psicanálise?; As Vidas Nada Secas de Graciliano; A Clínica Psicanalítica - Palimpsestos; Michel Foucault e as Ciências Humanas: Transversalidades, Leituras e Apropriações (Autor e organizador) e O que Finnegans Wake tem a ensinar aos Psicanalistas?. Tradutor e organizador das conferências de Lacan nos EUA no ano de 1976 (Publicado com o título Lacan in North Armorica), assim como do seminário Les Non-Dupes Errent (Os Não-Tolos Erram/ Os Nomes do Pai) e do seminário A Topologia e o Tempo, ambos de Lacan.

Luciano Góes, Universidade de Brasília / Centro Universitário Estácio de Santa Catarina.

Doutorando em Direito na Universidade de Brasília (UnB), Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC - 2015) e graduado em Direito pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL - 2012). Foi Professor, Coordenador-Geral e advogado responsável pelos núcleos jurídicos dos projetos de extensão Flores da Clô e Vicente do Espírito Santo - S.O.S Racismo, do Centro Universitário Estácio de Santa Catarina (2016-2019). Professor de Direitos Humanos e Direito Penal do curso Pós-Graduação Lato Sensu em Direito Penal e Processual Penal, do Centro Universitário Católica de Santa Catarina (2017). Vice-presidente da Comissão de Igualdade Racial, Subseção de São José/SC (2016-2018), e secretário da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Santa Catarina (2015-2017).

Cómo citar

da Silva, J. B. A., Soler, R. D. de V. y, Volaco, G. C., & Góes, L. (2023). AS IDENTIDADES NEGRAS E OS GOVERNOS DAS CONDUTAS: UMA REFLEXÃO EDUCACIONAL ANTE TENSÕES. Interfaces Científicas - Educação, 12(1), 373–387. https://doi.org/10.17564/2316-3828.2023v12n1p373-387

Citas

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

DOMINGUES, Petrônio. Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos. Tempo, vol. 12, n.º 23, p. 100-122, 2007.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 1999.

GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Edusp, 2008.

GOMES, Nilma Lino. Movimento negro e educação: ressignificando e politizando a raça. Educação e Sociedade, Campinas, v. 33, n. 120, p. 727-744, 2012.

GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Preconceito racial: modos, temas e tempos. São Paulo: Cortez, 2008.

HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 22, n. 2, p. 15-46, jul./dez. 1997.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.

HOFBAUER, Andreas. Raça, cultura e identidade e o “racismo à brasileira”. In: BARBOSA, Lucia Maria de Assunção; SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e; SILVÉRIO, Valter Roberto (Orgs.). De preto a afro-descendente: trajetos de pesquisa sobre o negro, cultura negra e relações étnico-raciais no Brasil. São Carlos/SP: EdUFSCar, 2003, p. 51-68.

KAERCHER, Gládis Elise Pereira da Silva. Pedagogias da racialização ou dos modos como se aprende a “ter” raça e/ou cor. In: BUJES, Maria Isabel Edelweiss; BONIN, Iara Tatiana (Orgs.). Pedagogias sem fronteiras. Canoas: Ulbra, 2010, p. 85-91.

KREUTZ, Lúcio. Etnia e educação: perspectivas para uma análise histórica. In: SOUSA, Cynthia Pereira de; CATANI, Denice Barbara (Orgs.). Práticas educativas, culturas escolares, profissão docente. São Paulo: Escrituras, 1998, p. 93-109.

LACAN, Jacques. O seminário: livro 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985.

LACAN, Jacques. Os não-tolos erram/Os nomes do pai: seminário entre 1973-1974. Porto Alegre: Fi, 2018.

LIMA, Maria Batista. Identidade étnico/racial no Brasil: uma reflexão teórico-metodológica. Revista Fórum Identidades. Ano 2, vol. 3, p. 33 - 46, jan/jun, 2008.

MOORE, Carlos. Racismo e sociedade: novas bases epistemológicas para entender o racismo. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007.

OLIVEIRA, Regina Marques de Souza. Psicologia, psicanálise e relações étnicas no Brasil e na França. Odeere, vol. 2, n.º 4, p. 29-60, jul./dez. 2017.

PINSKY, Jaime. Nação e ensino de história no Brasil. In: PINSKY, Jaime (Org.). O ensino de história e a criação do fato. São Paulo: Contexto, 1988, p. 11-22.

POLIAKOV, Léon. O mito ariano: Ensaio sobre as fontes do racismo e dos nacionalismos. São Paulo: Perspectiva, USP, 1974.

WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 7-72.

WORTMANN, Maria Lúcia Castagna. Algumas considerações sobre a articulação entre estudos culturais e educação (e sobre algumas outras mais). In: SILVEIRA, Rosa Maria Hessel. Cultura, poder e educação: um debate sobre estudos culturais em educação. Canoas: Ulbra, 2005, p. 165-181.