PRIVACIDADE, LIBERDADE SEXUAL E SIGILO: sentidos de liberdade no aplicativo Grindr
DOI:
https://doi.org/10.17564/2316-3828.2020v8n2p99-116Palavras-chave:
Grindr, Privacidade, Liberdade, SexualidadePublicado
Downloads
Downloads
Edição
Secção
Licença
A Revista oferece acesso livre e imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico contribui para a democratização do saber. Assume-se que, ao submeter um artigo, o(a) autor(a) se reconhece como detentor(a) do direito autoral sobre ele e autoriza seu livre uso pelos leitores, podendo ser, além de lido, baixado, copiado, distribuído e impresso.Resumo
O aplicativo Grindr possibilita a interação entre homens que buscam por homens e favorece um público de usuários que almejam contatos sexuais sigilosos. Para além das várias possibilidades de comportamento e de compreensões sobre sentidos de liberdade, o presente artigo questiona a forma como a privacidade está disposta na busca de usuários por parceiros no Grindr e que permite um específico sentido de liberdade sexual, a de promover encontros sexuais desidentificados, sigilosos e secretos. O objetivo é compreender como os perfis anônimos e que exigem sigilo vivenciam a sexualidade por meio do aplicativo e como isso engloba uma específica forma de se ler a liberdade sexual homossexual, enquanto espaço sigiloso e afastado do conhecimento e aceitabilidade pública. Assim, a metodologia é composta pela observação de trinta perfis na cidade de Juiz de Fora, em conjunto com uma revisão bibliográfica. A análise dos perfis indica que há uma variedade de performances de masculinidades na rede e que a privacidade é o que possibilita a experiência sexual de muitos homens que estão inseridos em contextos pessoais e socioculturais de naturalização da heterossexualidade e do masculino hegemônico e de subordinação das identidades desviantes, fazendo do aplicativo Grindr um espaço privilegiado para a execução de sua liberdade sexual sigilosa, sem assunção de outros aspectos ligados à sexualidade homossexual, como a luta por publicidade e aceitabilidade social.Como Citar
Referências
BIANCHI, E. Caminhos de prazer, caminhos de lazer: imagens corporais de desejo na rede geosocial Grindr. In: XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2014. Anais Eletrônicos... Foz do Iguaçu. 2014. Disponível em <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2014/lista_area_DT6-CU.htm>. Acesso em: 10.ago. 2019.
BRASIL, Assembleia Legislativa. Lei 13.709/2018. Regulamenta a proteção de dados. Disponível em:«http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13709.htm> Acesso em: 23 jul. 2019 .
BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade. Rio de Janeiro, 2003.
CONNELL, R. W. Políticas da Masculinidade. Educação & Realidade, 20 (2). 1995, pp. 185-206.
CONNEL, R. W. La organización social de la masculinidad, pp. 31-48. In T Valdés e J Olavarría (eds). Masculinidades: poder e crisis. Ediciones de las Mujeres 24. Isis Internacional, Santiago. 1997.
FOUCAULT, M. A história da Sexualidade: I. Rio de Janeiro, 1993.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
GOFFMAN, E. A representação do eu na vida cotidiana. Editora Vozes: Petrópolis 1999.
GRINDR, Termos de Serviço. Disponível em : https://www.grindr.com/terms-of-service/. Acesso em: 01 ago. 2019.
JOHNSON, R. "Sexual dissonances: or the 'impossibility' of sexuality education". Curriculum studies. v. 4 (2), 1996. p.163-189.
LE BRETON, D. Individualização do corpo e tecnologias contemporâneas. In. COUTO, Edvaldo Souza; GOELLNER, Silvana Vilodre. (Org). O Triunfo do Corpo: polêmicas contemporâneas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
LEMOS, André. Mobilidade e espaço urbano. (In): BEIGUELMAN, Giselle; La FERLA, Jorge. Nomadismos tecnológicos. São Paulo: editora Senac São Paulo, 2011.
LEVY, P. A conexão planetária: o mercado, o ciberespaço, a consciência. Tradução de Maria Lúcia Homem e Ronaldo Entler. São Paulo: Editora 34, 2001).
LOURO, G. L. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
MISKOLCI, R. O Armário Ampliado – Notas sobre sociabilidade homoerótica na era da internet. Revista Gênero, Niterói, v. 9, n. 2, p. 171-190, setembro, 2009.
MISKOLCI, R. San Francisco e a nova economia do desejo. Lua Nova (91), São Paulo, 2014, pp. 269-295.
MISKOLCI, R. Desejos Digitais: uma análise sociológica da busca por parceiros on-line. Belo Horizonte, 2017.
OLIVEIRA, P. P. Discursos sobre a masculinidade. Revista Estudos Feministas, vol. 06, n. 1. Rio de Janeiro 1998 p. 91-112.
RODOTÀ, S. A vida na sociedade da vigilância: a privacidade hoje. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.
SCHECHNER, R. O que é performance? [S. l.], 2006. Disponível em: <https://performancesculturais.emac.ufg.br/up/378/o/O_QUE_EH_PERF_SCHECHNER.pdf>. Acesso em 20 jul. 2019.
SEDGWICK, E. K. Epistemology of the Closet. Hemel Hempstead: Harvester Wheatsheaf, 1991.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, , 1995. v. 2, n. 20 . Porto Alegre, p. 71-100.
VASCONCELOS, O. S; VIEIRA, M. C; CAL, D. G. R. Vitrine Virtual: comunicação, práticas corporais e sociabilidade no Grindr. Verso e Reverso, vol. 31, n. 76, pp. 36-45, 2017.
ZAGO, L. F. “Armários de vidro” e “corpos-sem-cabeça” na biossociabilidade Gay online. Revista Interface: comunicação, saúde e educação, v.17, n.45, p.419-31, abr./jun. 2013.