OBJETOS DE DISTINÇÃO: CULTURA MATERIAL ESCOLAR E PRÁTICAS MERITOCRÁTICAS

DOI:

https://doi.org/10.17564/2316-3828.2018v7n1p83–94

Autores/as

  • Vera Lucia Gaspar da Silva Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
  • Ana Paula de Souza Kinchescki Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
  • Gustavo Rugoni de Sousa Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Palabras clave:

Cultura material escolar, Meritocracia escolar, Escola primária.

Publicado

2018-10-17

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Artigos

Resumen

O objetivo deste artigo é refletir sobre um conjunto de práticas de distinção desenvolvidas em escolas públicas primárias de Santa Catarina/Brasil, entre os anos de 1950 e 1960 e materialidades que as representam ou a elas se conectam. Nossas análises pautam-se, sobretudo, em discussões em torno da noção de cultura material escolar, considerando-se aqui que a materialidade é um elemento importante a ser contemplado nas investigações que se dedicam a História da Educação. Se a literatura da área já nos oferece material suficiente para situarmos a instituição escolar como espaço e cenário de rituais meritocráticos, localizar e refletir sobre as materialidades que conformam estes rituais ainda é um exercício vigoroso que favorece um aprofundamento da temática na perspectiva histórica e um olhar contemporâneo sobre a escola, reconhecendo na meritocracia um de seus traços. Neste trabalho destacamos a simbologia em torno de assinaturas em dois distintos suportes: o Livro de Honra do Grupo Escolar Manoel Gomes Baltazar e o Livro de Ouro da Caixa Escolar do Grupo Escolar Professora Marta Tavares. São materialidades locais que falam de um projeto de escola quase universal. Dessa forma, discorremos acerca de estratégias acionadas pelas instituições escolares que intentavam reforçar nos alunos, famílias, indústrias e comunidade atitudes e comportamentos considerados merecedores de destaque, o que, indiretamente, contribuía para a legitimação de uma cultura meritocrática por meio da escola.

Biografía del autor/a

Vera Lucia Gaspar da Silva, Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo – USP, com pós-doutorado realizado na mesma instituição. Professora Associada da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, atuando na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado). Líder do Grupo de Pesquisa Observatório de Práticas Escolares - OPE. Bolsista Produtividade em Pesquisa - CNPq.

Ana Paula de Souza Kinchescki, Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Doutoranda em Educação pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), mestre em Educação pela mesma universidade (2015). Professora Assistente na UDESC, atuando na graduação. Integrante do Grupo de Pesquisa Observatório de Práticas Escolares – OPE.

Gustavo Rugoni de Sousa, Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Doutorando em Educação pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), mestre em Educação pela mesma universidade (2015). Professor na Prefeitura Municipal de Florianópolis. Integrante do Grupo de Pesquisa Observatório de Práticas Escolares – OPE.

Cómo citar

da Silva, V. L. G., Kinchescki, A. P. de S., & de Sousa, G. R. (2018). OBJETOS DE DISTINÇÃO: CULTURA MATERIAL ESCOLAR E PRÁTICAS MERITOCRÁTICAS. Interfaces Científicas - Educação, 7(1), 83–94. https://doi.org/10.17564/2316-3828.2018v7n1p83–94

Citas

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