A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Palavras-chave:
Analfabetismo financeiro, Educação financeira, PesquisaResumo
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO ENSINO FUNDAMENTAL Fábio Rocha Aragão * Maria Francilene Cavalcante de Oliveira ** RESUMO O presente trabalho tem como objetivo apresentar as atividades do projeto de educação financeira desenvolvidas no estágio curricular 2, referente ao ensino fundamental maior, 6º ao 9º ano, aplicadas no Colégio Estadual Profª Ofenisía S. Freire, em duas turmas, 7º ano e 8º ano. Detalha a necessidade da utilização de temas transversais e o desenvolvimento de atividades que possam estimular a capacidade dos alunos de gerir seu dinheiro, seu tempo e seus recursos pessoais, conscientizar quanto a ação humana e as graves consequências ambientas do consumo exagerado, desenvolver o hábito do controle financeiro utilizando técnicas matemáticas, de resoluções de problemas, raciocínio lógico, sistema monetário brasileiro, e aplicação de técnicas de investimentos de maneira lúdica e objetiva, com a finalidade de reduzir o analfabetismo financeiro. Para obtenção de dados foram utilizadas pesquisas quantitativas e bibliográficas e realizada uma entrevista semiestruturada. Para embasamento teórico foram utilizados os PCNs, a LDB e pesquisas realizadas por pesquisadores brasileiros. Constatou-se que a educação financeira deve ser trabalhada no ensino fundamental utilizando metodologias para tornar as aulas dinâmicas e atrativas estimulando a interação dos alunos e de suas famílias. Palavras-chaves: Analfabetismo financeiro. Educação financeira. Pesquisa 1 INTRODUÇÃO Os conhecimentos matemáticos são essenciais a vida de todos, pois estão inseridos na rotina de forma direta ou indireta. Porém, os resultados do desenvolvimento matemático, dos alunos brasileiros, nos últimos anos ainda não são os satisfatórios, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que é um indicador que reuni os resultados de dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: o fluxo escolar e as médias de desempenho em um dos principais instrumentos de avaliação nacional, a Prova Brasil. Os resultados, de 2017, para o fundamental menor ( 1° ao 5° ano) atingiu a meta e cresceu porém, ainda não alcançou o nota 6,que é a nota média alcançada pelos 20 melhores países. O ensino fundamental maior e médio não alcançaram a meta. Conforme o Gráfico 1. FONTE: Elaborado por Fábio Rocha Aragão e Maria Francilene Cavalcante de Oliveira (2018) Muitos alunos se sentem desmotivados a aprender, devido ao ensino mecanizado, extremamente teórico e pouco atrativo, para solucionar esse problema temos diversas alternativas metodológicas como jogos matemáticos, história da matemática, etnomatemática, modelagem matemática, novas tecnologias, resolução de problemas, e todas essas alternativas podem ser utilizadas não apenas através de projetos educacionais, mas também para introduzir um conteúdo ou como atividade de fixação dos assuntos. Os professores devem estimular uma participação continua dos alunos, conforme afirma Lorenzato, “Permitir que os alunos se pronunciem é, antes de tudo, um sinal de respeito a eles e de crença neles” (2006, p. 15). Ou seja, os conteúdos matemáticos devem ser apresentados aos alunos de forma que eles compreendam a sua importância e a relação com situações que eles vivenciam como está descrito na Lei de diretrizes de bases LDB de 1986. é preciso que o aluno perceba a Matemática como um sistema de códigos e regras que tornam a linguagem de comunicação e ideias e permite modelar a realidade e interpretá-la. Assim, os números e a álgebra como sistema de códigos, a geometria na leitura e interpretação do espaço, a estatística e a probabilidade na compreensão de fenômenos em universos finitos ligados às aplicações.(BRASIL, 1999, p. 251) Sabe-se que a realidade das salas de aula, muitas vezes pode dificultar a aplicação de algumas dessas metodologias, seja por indisciplina, falta de comprometimento dos alunos, ou a falta de apoio das pessoas que formam a comunidade escolar, porém o professor ao levar em consideração todo esse contexto dever enxergar, nas metodologias, uma alternativa para resolver alguns desses problemas, pois como diz Dante (2007, p. 11) “é preciso desenvolver no aluno a habilidade de elaborar um raciocínio lógico e fazer uso inteligente e eficaz dos recursos disponíveis, para que ele possa propor boas soluções às questões que surgem em seu dia - a - dia, na escola ou fora dela.” A atual realidade econômica do povo brasileiro é fácil de se constatar, basta analisar os baixos índices de aprendizagem matemática, e do frágil ensino de educação financeira, isso resulta em elevados números de endividados. Analisando informações, de novembro de 2018, da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) o número de inadimplentes subiu em todo o país, restringindo o CPF de aproximadamente 62,9 milhões de pessoas, que somam 41% da população adulta, esse dado comprova que o ensino de matemática , em nosso país , necessita ser direcionado ao desenvolvimento de didáticas e metodologias eficazes para a assimilação dos conteúdos, e esses conteúdos devem ser relacionados a situações do cotidiano, de acordo com as necessidades dos alunos e de seus familiares evitando que os alunos terminem a educação básica ainda sendo considerados analfabetos funcionais e logicamente, também analfabetos financeiros. Os principais objetivos do ensino de matemática são os relacionados a cidadania, que tem como meta que os alunos devam ser estimulados a terem ideias criativas, persistência, comprometimento, autoconfiança e que possam desenvolver habilidades como raciocínio lógico, o pensamento independente e organizado, capacidade de resolver problemas, consumo consciente, administração financeira de seus recursos. A educação de projetos foi a alternativa utilizada para inserir o conteúdo de educação financeira nas turmas do 7º ano e 8º ano, esse projeto tem como objetivo geral estimular os alunos a usarem seus conhecimentos prévios e adquiridos na sua vivência com sua família e sua comunidade. Tendo em vista que os conceitos matemáticos têm origem no mundo real e encontram muitas aplicações em outras ciências e inúmeros aspectos práticos da vida cotidiana. O ensino de educação financeira na escola deve possibilitar a nossos jovens serem preparados para lidar com as decisões financeiras que seus familiares enfrentam no cotidiano, e que eles acabam sendo atingidos pelas consequências, logo deveriam ajudar com os ensinamentos adquiridos na escola, pois os familiares muitas vezes não tiveram uma educação direcionada a resolução de problemas que eles estão vivenciando. A união da escola com a família se faz necessária para que a execução das atividades propostas, em sala de aula, possam ser efetivadas com qualidade e atingindo os objetivos desejados, a conscientização financeira não somente dos alunos, mas também de suas famílias. Visando, também formar cidadãos conscientes e que tenham uma vida financeira equilibrada e responsável, melhorando o processo de ensino-aprendizagem de educação financeira desde a educação básica, discutir sobre o problema do analfabetismo financeiro e como os alunos podem mudar a relação de suas famílias com seus recursos financeiros. 2 PROJETO EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA EDUCAÇÃO BÁSICA 2.1 Analfabetismo Financeiro no Brasil Muitos dos jovens brasileiros terminam o ensino fundamental analfabetos funcionais, sabem ler e escrever, porém não conseguem interpretar textos simples e não realizam corretamente, operações matemáticas básicas. Com essa constatação é possível deduzir que o analfabetismo financeiro também é bastante alto. D’ Ambrósio (1991, p.1) afirma que “[...] há algo errado com a matemática que estamos ensinando. O conteúdo que tentamos passar adiante através dos sistemas escolares é obsoleto, desinteressante e inútil”. Estamos em 2018, contudo essa afirmação ainda faz parte de nossa realidade, apesar tantas evoluções o modelo tradicional de ensino é o mais comum, na grande maioria das escoas púbicas e privadas do Brasil. O último resultado de desempenho dos alunos brasileiros, de todos os estados, no Programa Internacional de Avaliação de Estudante – PISA, mostrou que houve uma queda de pontuação em matemática, que teve questões relacionadas a conhecimento em finanças, o Brasil ficou na 66ª, e são avaliados 70 países, 25% dos alunos que participaram da prova, estão abaixo do nível básico em matemática. Segundo a revista época negócios 59,9 milhões de brasileiros encontram-se inadimplentes com alguma conta em atraso ou com restrição de crédito, um dado bastante chamativo é que 49% das pessoas endividadas em nosso país, tem entre 30 e 39 anos, o que equivale a 16,91 milhões de pessoas, e entre os jovens de 18 e 24 anos , o percentual é de 24% ou seja, esse problema na educação nacional não é recente, e é um reflexo da educação financeira insuficiente ou inexistente, na educação básica. 2.2 Educação Financeira no Brasil e os PCNs A matemática, no Brasil, é considerada por muitos a disciplina mais difícil, chata e sem sentido, o que é atestado nos altos índices de reprovações, nessa disciplina. Porém o papel do educador matemático assim como o pedagogo, que apresenta a matemática aos alunos no fundamental menor, é se preocupar na preparação das aulas, para que elas retratem situações do cotidiano e que o professor utilize uma dinâmica que faça os alunos compreenderem a importância e utilidade da matemática em suas vidas, de forma imediata , independente das profissões que irão seguir. O professor deve dedica-se a aprendizagem como está citado no Art 13, inciso II da LDB - 9.394/96 (Leis de Diretrizes e Bases): “Zelar pela aprendizagem dos alunos”. O sistema educacional brasileiro é regido por alguns documentos que auxiliam o professor a entender como tornar as aulas de matemática mais atrativa e de fácil entendimento. Um desses documentos são os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacional), são diretrizes elaboradas para orientar os educadores por meio da normatização de alguns aspectos fundamentais relacionados a cada disciplina para que haja uma mudança de como ensinar, quais assuntos priorizar e como avaliar as situações de ensino e aprendizagem. De acordo com os PCNs: terceiro e quartos ciclos do ensino fundamental de matemática “Visam à construção de um referencial que oriente a prática escolar de forma a contribuir para que toda criança e jovem brasileiros tenham acesso a um conhecimento matemático que lhes possibilitem de fato sua inserção, como cidadãos, no mundo do trabalho, das relações sociais e da cultura”.(BRASIL, 1997, p. 15) Embora eles não tenham obrigatoriedade, os PCNs é mais um recurso importantíssimo, que orienta a tornar o ensino de matemática mais dinâmico, bem estruturando e que devem ser adaptados a vida dos alunos. Os PCNs têm uma estrutura organizacional que trabalha temas transversais e isso quer dizer que “a proposta de trabalhar com questões de urgência social numa perspectiva de transversalidade aponta para o compromisso a ser partilhado pelos professores das áreas, uma vez que é o tratamento dado aos conteúdos de todas as áreas que possibilita ao aluno a compreensão de tais questões, o que inclui a aprendizagem de conceitos, procedimentos e o desenvolvimento de atitudes.” ( BRASIL. 1997, p. 28). Os temas transversais mais trabalhados nesse estágio foram Meio ambiente, Trabalho e Consumo. Esses temas foram norteadores para elaboração de cada atividade, que tinha como objetivos principais a conscientização da ação humana e suas consequências. O tema Meio ambiente trás “a busca de caminhos pessoais e coletivos que levem ao estabelecimento de relações econômicas, sociais e culturais cada vez mais adequadas à promoção de uma boa qualidade de vida para todos, exige profundas mudanças na visão que ainda prevalece sobre o que se chama de natureza e sobre as relações estabelecidas entre a sociedade humana e seu ambiente de vida.” (BRASIL. 1997, p. 31). Esse tema foi trabalhado através de questões que visavam conscientizar os alunos quanto a suas responsabilidades ambientes tendo como foco a redução do consumismo e trazer uma lucidez quanto aos gastos dos bens naturais. No tema Trabalho e Consumo, a proposta é que o professor desenvolva atividades que visem a conscientização da quantidade e diversidade de trabalho presente em cada produto ou serviço que adquirimos. As atividades trabalhadas, durante o estágio, eram sempre relacionadas à orientações para bom uso dos produtos comprados e adquirir somente o que for necessário, pois” além disso, com a criação permanente de novas necessidades, transformando bens supérfluos em vitais, a aquisição de bens se caracteriza pelo consumismo. O consumo é apresentado como forma e objetivo de vida. (BRASIL, 1997, p. 35) De acordo com os PCNs “a Matemática caracteriza-se como uma forma de compreender e atuar no mundo e o conhecimento gerado nessa realidade do saber como um fruto da construção humana na sua interação constante com o contexto natural, social e cultural” (BRASI,1997, p. 24).Isso significa que a matemática é viva e deve ser apresentada aos alunos como tal, não de forma mecanizada e desconectada com a realidade que os cerca. 2.3 Aplicação do Projeto Educação Financeira Para a execução do projeto de educação financeira se fez necessário utilizar de diversas metodologias alternativas, com a finalidade de tornar as aulas mais atrativas, funcionais e dinâmicas. Em cada etapa do projeto, a principal ferramenta utilizada, foram os conhecimentos prévios dos alunos, para assim inclui-los no processo de ensino-aprendizagem, preparando cada aluno para saberem lidar com as diversas situações, ligadas a questões financeiras, de seus cotidianos. Os principais recursos utilizados foram papéis, notas de reais simbólicas, data show, papel madeira, cola e tesoura. 2.3.1 As etapas desse projeto foram: 1. Apresentar o projeto e trocar informações sobre educação financeira Duração: 1 aula (50 min) O trabalho foi iniciado apresentando os objetivos do projeto, com o intuito de informar aos alunos sobre a divisão das etapas do projeto, explicando a necessidade de se trabalhar a educação financeira, desde o ensino fundamental, como uma necessidade de desenvolvimento de uma habilidade financeira, que envolve saber como administrar o tempo, o dinheiro, os recursos ambientais de nosso planeta, utilizando diversas técnicas matemáticas como resolução de problemas, tratamento da informação, operações com números racionais. As turmas organizadas em um semicírculo, sem arrastarem as carteiras. Iniciou-se um debate com as perguntas que foram necessárias para aplicação das etapas seguintes. As perguntas estão no apêndice B. Foi bem gratificante ver a interação da turma do 8º ano, e perceber que eles sentem dificuldades em matemática, mas são conscientes da importância da disciplina na vida de todos. No começo da fala sobre os objetivos do projeto foi perceptível que os alunos eram participativos e que tinham gostado da ideia do projeto. Na turma do 7º ano, no início da aula os alunos estavam tímidos, mas após a interação de três alunas e após começar a circular na sala, a realizar as perguntas direcionadas para cada aluno e pedindo a opinião de cada um deles, eles responderam bem, a abordagem inicial do projeto, que busca a interação constante dos alunos. Uma das observações, que mais chamou atenção, feita por uma aluna, que sua família toda precisava participar desse projeto, pois mesmo sem ganhar bem gastavam demais, descontroladamente. Após esse comentário outros se sentiram à vontade para fazerem outras observações, como por exemplo o sonho da família de uma aluna de construir uma casa, para a irmã que casou, mas foi morar com os pais, por não terem condições financeiras. 2. Diferenças entre Metas e Sonhos Duração: 1 aula (50 min) Ao iniciar a aula, os alunos sendo questionado quanto a diferença entre sonho e meta e registrando as respostas, no quadro, chegamos à conclusão, que eles consideram, que essas expressões são quase as mesmas coisas, a diferença é que o sonho pode se transformar em meta, quando fazemos um planejamento para alcançar a meta. Os questionamentos, utilizados para iniciar o debate, estão no apêndice C. Foi anotado cada uma das respostas, e sendo deixada como mais correta a que a maioria, dos alunos, concordava como certas. 3. Metas de curto, médio e grande prazo Duração: 1 aula (50 min) Após o debate sobre metas e sonhos expliquei que eles poderiam dividir as metas em três tipos; curto (uma semana, um mês), médio (6 meses, 1 ano) e grande prazo (3 anos, 5 anos, 10 anos). Foi orientado que cada aluno criasse uma tabela com suas metas, e as organizassem nos três tipos. Os alunos fizeram essa atividade, mas a maioria não quis compartilhar com o restante da turma, os dados da tabela das metas. Então, deixei que apenas aqueles que se sentissem à vontade para compartilhar, que falasse, apenas 5 alunos compartilharam como organizaram suas metas, percebi que os que não quiseram falar sobre suas metas, acham que os objetivos escolhidos são grandes demais, para se realizaram. Contudo todos escreveram, seus sonhos e organizaram em uma tabela, como orientado. 4. Conceitos básicos de educação financeira. Duração: 1 aula (50 min) As salas de aula foram organizadas em grupos de quatro alunos, e em seguida, eles foram questionados quanto ao conceito das seguintes palavras; receita, despesas, dividas, negociação, consumo, consumismo, poupança, orçamento, planejamento, investimento, lucro, capital inicial, capital acumulativo, juros, pesquisas de preço, marketing de vendas. A maioria dos alunos conseguiram responder corretamente. Outros nem tanto, por exemplo um aluno comentou que conhecia só receita de comida e de relação de remédios. Como atividade solicitei que eles respondessem as perguntas: Quanto suas famílias investem em vocês, em um mês? Quanto e quais são os seus gastos mensais? Antes deles começarem a reflexão sobre essas perguntas, eles foram instigados explicarem o porquê do uso da expressão “investimento (aplicação de recursos, tempo, esforço etc. a fim de se obter algo) ”, muitos alunos explicaram que o uso do termo investimento foi necessário , pois significa que os pais poderia pegar o dinheiro gastos com eles e com outras coisas, e que também que os pais , quem que um dia eles possam retribuir, quando eles começarem a trabalhar. Foi solicitado que eles construíssem uma tabela com a relação de todos os gastos mensais, desde a pasta de dente a saída a lanchonete, nos finais de semana. Foi necessário um auxílio, a alguns alunos, para eles começarem, pois não estavam conseguindo organizar os grupos dos gastos, foi recomendado que eles colocassem uma coluna para lazer (cinema, lanchonete, show), alimentação ( comidas, lanches, bebidas, frutas) , despesas cartão ( parcela de cartão de compras de roupas, celular, tênis , acessórios) mensalidades ( cursos, academia, internet), salão de beleza ( corte, escova, manicure) remédios, água, energia, etc. Após 5 min, eles disseram que eram “coisas demais”, nunca pensaram que eram tão caros. Depois que todos terminaram fizemos um debate sobre como eles fizeram a tabela, quais coisas eles nunca tinham pensado que gastavam. 5. A importância da lista de compras. (Parte 1) Duração: 1 aula (50 min) Os alunos foram organizados em grupos, de até quatro integrantes, e em seguida foram entregues panfletos de supermercados a cada equipe e solicitado que eles elaborassem uma lista de compras para as famílias deles, caso faltassem produtos, que não estivessem na lista, que eles colocassem o nome do produto e debatesse qual será o preço. Após todos terem criados as suas listas, eles responderam a questionamentos como, por exemplo, se uma lista de produtos pode facilitar as compras e se é necessário fazer lista de roupas, sapatos, livros, acessórios. Eles responderam que listas são necessárias, em relação a tudo que precisam comprar, pois assim não gastariam comprando sem necessidade, e que a lista facilitaria as compras, pois não iria gastar muito tempo, pensando nos produtos. Após a conclusão dessa atividade eles foram orientados que cada um levase a sua lista para casa e que mostrasse para as pessoas, da família, que fazem as compras mensais para que essas pessoas fizessem as possíveis sugestões, de itens que estivessem faltando e/ou os valores que estivessem errados. Infelizmente, a grande maioria, não tiveram a ajuda dos responsáveis para realizar essa atividade. Alguns disseram que esqueceram de mostras aos pais, outros que os pais não tiveram tempo. 6. A importância da lista de compras. (Parte 2) Duração: 1 aula (50 min) Os alunos receberam a lista, que está no anexo 1, impressa e foi solicitado que eles analisassem cada item e perguntassem o que não entenderam e quais modificações fariam na nessa lista. O que eles mais sentiram dúvidas foi quanto ao preenchimento referente a despesas financeiras não sabiam o que era aplicação e no fechamento do mês, a parte destinada aos credores, não sabiam o que significava credores. Os alunos das duas turmas aprovaram a tabela, e comentaram que ela é bem completa, alguns deram, como sugestão, reduzir as partes de despesas. Foi recomendado que eles levassem as listas para casa e que ajudassem seus familiares a organizarem suas contas. 7. Resoluções de situações de problemas financeiros. Duração: 1 aula (50 min) Foram entregues cópias da seguinte situação abaixo, a cada aluno. Ana tem 13 anos, mora com seus pais e seus dois irmãos de 4 e 9 anos, ela e o irmão de 9 anos estudam em colégios púbicos, só o irmão menor que fica em uma creche que custa R$ 200,00 Recentemente, o pai de Ana foi dispensado da empresa que trabalhava, a empresa decretou falência e o pai não recebeu nem os tempos de serviço. A mãe de Ana trabalha como secretaria e recebe um salário liquido de R$ 1.260,00. Estão passando por dificuldades financeiras. Eles moram de aluguel, por ser mais perto da escola das crianças e do trabalho da mãe, o valor do aluguel custa R$ 750,00. Eles têm um apartamento que está alugado por R$ 400,00. O financiamento do carro custa R$ 580,00, de gasolina gastam R$ 260,00, por mês. As despesas fixas mensais com alimentação, água, energia, telefone, internet e gás são de R$ 980,00 e as variáveis R$ 340,00. Como as despesas são altas eles estão devendo dois meses do financiamento do carro e um mês do aluguel e já vai vencer o segundo mês. Como poderíamos ajudar essa família? Os alunos da turma do 7° ano demoram a iniciar a resolução do problema, percebi que eles tinham dificuldades para interpretarem a questão. Não conseguiram identificar todas as despesas da família. Já os alunos 8° ano deram como resolução que a família saísse do aluguel e passassem a morar no apartamento da família, vendessem o carro, e usasse o dinheiro para pagarem as dividas atrasadas. A outra também chegou a conclusão da venda do carro, mas pensaram que a família poderia continuar a morar onde estavam, por ser mais próximo do trabalho, ou escola dos filhos, então era melhor reduzir as despesas vendendo o carro. 8. Criação de uma ‘microempresa’ Duração: 2 aulas (50 min cada) As turmas são organizadas em grupos de até 5 alunos e é entregue um envelope, com R$ 25,00 (notas simbólicas), para cada equipe. Inicialmente é explicado que uma microempresa é uma empresa pequena que possui no máximo 10 funcionários explicado o que eles iriam fazer. Atividade : Cada grupo deve escolher um produto ( brigadeiros, biscoitinhos, geladinhos, salada de fruta, bolo de pote, cupcake etc.), devem escolher algo que algum integrante saiba como fazer, em seguida devem dividir tarefas para cada integrante como; quem vende, quem cozinha, quem compra os produtos, quem faz o planejamento. Mas, no momento do planejamento todos devem participar de todos esses processos. E devem fazer uma estimativa de vendas e lucros de um dia, uma semana, um mês e três meses, organizando esses dados em uma planilha. Em seguida cada equipe deve apresentar a turma seu plano de negócio constando, no apêndice G. A aplicação dessa atividade foi muito proveitosa, os alunos interagiram e se divertiram bastante. Aproveitaram as experiências dos integrantes que sabiam como fazer os produtos, ou de algum que conhecesse alguém que pudesse ensinar, como uma aluna que a avó vendia geladinhos, eles realizaram uma pesquisa, no celular, sobre a receita, já que ninguém do grupo já tinha feito geladinho, ou qualquer outro produto. Um outro grupo teve a ideia de abrir um ponto de “esporte net” (lugar onde as pessoas fazem apostas em jogos de futebol), e que também iriam fazer recargas de celulares, um dos integrantes tem um tio que em um ponto e as vezes esse aluno, fica no local aprendendo com o tio. Os outros grupos escolheram fazer brigadeiros e biscoitos amanteigados, pois consideraram que era fácil de fazer e os produtos para confecção, além de serem poucos, eram de preços acessíveis. Esses grupos tiveram bastante dificuldades para fazer as planilhas de lucros, pois só estavam contabilizando, os gastos com as compras dos ingredientes na primeira semana, não estavam contabilizando a quantidade de receitas necessárias, para um número elevado de produto. Ambas as turmas tiveram esse problema. 9. Problemas Financeiros de Microempresas Duração: 2 aulas (50 min cada) Inicialmente as turmas foram organizadas em grupos, os grupos foram organizados em ordem crescente determinando assim a sequência que cada um deveria escolher uma carta, que estavam numeradas de 1 a 6, com uma situação problema relacionada a microempresas como Lan house, vendas de doces, prestação de serviço, cada carta já vem com o tempo que o grupo teria para responder, caso o grupo respondesse errada ou demorassem, a pergunta deveria ser passada para o grupo seguinte. O grupo considerado campeão foi o que mais respondeu corretamente os problemas. Os alunos se divertiram bastante com essa atividade, precisaram de auxilio algumas vezes, porém era mais para terem certeza se os raciocínios deles estavam corretos. 10. Sobrou dinheiro? Poupar ou Investir? Duração: 2 aulas (50 min cada) No início da aula é feito o seguinte questionamento: Como fazer para sobrar dinheiro? As principais respostas dadas foram relacionadas a vender produtos de beleza, doces, roupas, não gastar com besteiras, só pagar as contas e economizar. A maioria das sugestões estavam relacionadas a ter uma renda extra, ou seja, aumentar o valor do dinheiro que entra mensalmente, então foi escrito no quadro os três passos seguintes, que estão relacionados a administrar o dinheiro que entra mensamente com a renda fixa: Passo 1: Aprender a manejar o dinheiro. Passo 2: Administrar os consumos. Passo 3: Saber o valor de cada coisa. Realizamos um debate sobre cada passo e sobre o porquê de ser importante poupar. Em seguida é feito a exposição da seguinte situação problema: Ana ganhou uma promoção e passará a receber R$ 500,00 a mais. Ela já está planejando como vai utilizar esse dinheiro, se financia um carro e passa a pagar esse valor do financiamento, ou compra um apartamento, ou compra um pacote de viagens para viajar no final do ano, ou renova seu guarda-roupa (comprar roupas novas), fazer uma festa por mês, em sua casa. Analise e relacione as vantagens e desvantagens de cada escolha? Quais escolhas podemos considerar investimento? As principais justificativas em relação a poupar foram: ter dinheiro para emergências/ imprevistos, comprar produtos caros, pois a maioria dos alunos, relaciona valor a qualidade e viajar. 11. Consumo consciente Duração: 1 aula (50 min) As duas turmas foram levadas para a sala de multimídia para assistir ao vídeo: A lógica do consumo no capitalismo contemporâneo, esse vídeo retrata a realidade do consumismo no Brasil. Após terem assistido ao vídeo foi realizado um debate sobre o que eles entenderam de como funciona o capitalismo no mundo, analisando pela ótica ambiental? Quais os motivos de se ter índices tão elevado de compras no Brasil? Como nosso consumismo pode afetar o planeta? a percepção sobre compras mudou após assistir ao vídeo? O debate foi produtivo, pois os alunos foram bastante participativos, todos tinham algo a falar, sobre como as propagandas podem influenciar as pessoas a comprarem, como as redes sociais estimulam o consumismo, como nosso planeta pode suportar a extração dos recursos. houve até sugestão de leis que obriguem as grandes empresas a reflorestarem as áreas devastadas 12. O futuro que queremos Duração: 1 aula (50 min) Para finalizar as atividades do projeto, foi apresentado o vídeo: o futuro que queremos, que retrata como nosso planeta está sofrendo com o consumismo e como isso acaba influenciando negativamente, a nossas vidas. O vídeo também passa dicas para reduzir o consumismo. Realizamos um debate sobre o vídeo e é perceptível que a maioria dos alunos compreenderam os objetivos do projeto, principalmente quando um aluno fala que não há necessidade de ter mais que 2 bonés, ou trocar o celular sem necessidade. Para a realização da última atividade foram utilizadas folhas de papel madeira e em envelopes contendo imagens que representam as principais etapas do projeto. Organizados em grupos, cada equipe deveria montar um mural com todas as imagens e organizarem uma apresentação sobre o projeto e essa atividade. Eles se organizaram e fizeram apresentações com muitas informações e dicas de renda extra, consumo consciente, administração dos recursos. 3 CONCLUSÃO O presente trabalho apresentou uma proposta para se trabalhar a matemática, no ensino fundamental menor, de forma mais dinâmica e direcionada a formação de alunos críticos e conscientes de seu papel social e econômico na sociedade, e para despertar nesses alunos habilidades de gerenciamento, e organização de seu tempo, seus recursos e seu dinheiro. Foi realizada uma pesquisa quantitativa com os alunos do 7º ano e 8º ano, que participaram do projeto, essas turmas são formadas respectivamente, por 31 e 29 alunos, desse total formado por 60 alunos, 60% que equivale a 36 alunos responderam à pesquisa. A relevância dessa pesquisa foi evidenciada ao se constatar que 77,79% dos alunos adquiriram conhecimento sobre educação financeira ou somente na escola, 55,56%, ou na escola e com amigos, na internet, com a família que equivalem a 22,23%. Esse dado chama atenção para a necessidade de todas as escolas ensinarem matemática relacionando questões do cotidiano dos alunos, pois certamente eles só terão a oportunidade de obter esse conhecimento de forma organizada com uma didática que os ajude a aprender, em sala de aula. Onde você adquiriu conhecimento sobre Educação Financeira? Onde e/ou com quem Série 7º C 8º B Total Geral Amigos 0,00% 2,78% 2,78% Escola 38,89% 16,67% 55,56% Escola, Internet 11,11% 2,78% 13,89% Escola, Internet, amigos 0,00% 2,78% 2,78% Escola, Internet, Família 2,78% 0,00% 2,78% Escola, nunca ouvi falar sobre o tema 2,78% 0,00% 2,78% Família 2,78% 2,78% 5,56% Internet 0,00% 2,78% 2,78% Nunca ouvi falar sobre o tema 5,56% 5,56% 11,11% Total Geral 63,89% 36,11% 100,00% FONTE: Elaborado por Fábio Rocha Aragão e Maria Francilene Cavalcante de Oliveira (2018) A relação da família de cada aluno, com o dinheiro, com negócios financeiros, com administração de recursos reflete em como eles educam financeiramente seus filhos, um dos questionamentos relacionados ao contato dos alunos com suas famílias 66,69 % dos alunos entrevistados, sendo 38,89% meninas e 27,78% meninos. afirmaram que os pais não conversam sobre negócios financeiros com eles, muitos pais acreditam que não devem conversar sobre esse tema, por acharem que os filhos não vão compreender, ou por entenderem de questões. Os dados do gráfico abaixo confirmaram que 33,33% dos alunos, que participaram da pesquisa, seus responsáveis conversam sobre finanças e durante as aplicações das atividades do projeto, foi possível identificar com facilidade esses alunos, que a família também educava financeiramente. FONTE: Elaborado por Fábio Rocha Aragão e Maria Francilene Cavalcante de Oliveira (2018) Todas as etapas do projeto tiveram como um dos objetivos principais, mostrar como fica mais fácil a realização de metas e sonhos com planejamento financeiro, analisando os dados da pesquisa temos que 86,11% dos alunos entrevistados acreditam que ter conhecimento financeiro os possibilitam ter mais liberdade de escolhas, já 13,89% não acreditam. FONTE: Elaborado por Fábio Rocha Aragão e Maria Francilene Cavalcante de Oliveira (2018) Um dos maiores objetivos do projeto está relacionado a despertar habilidades de planejamento e organização financeira, pois os alunos organizados se tornam adultos mais conscientes e bem-sucedidos. Os dados da pesquisa nos mostram que 47,22% dos alunos se considera apto a cuidar de seus recursos, já 25% acreditam não saberem como cuidar, 27,78% acham que sabem um pouco, pois pelo menos ouvem seus familiares falando sobre dinheiro. FONTE: Elaborado por Fábio Rocha Aragão e Maria Francilene Cavalcante de Oliveira (2018) Os adolescentes e as crianças, em idade escolar estão na fase de adquirir hábitos formando assim suas personalidades, portanto a forma como eles cuida do dinheiro que recebem dos pais reflete como eles agiram na vida adulta com seus recursos. Quando questionados sobre como eles lida com o dinheiro que recebem dos pais, 52,78%, tratando-se de 30,56% meninas e 22,22% meninos, responderam que poupam o dinheiro, já 47,22%, sendo 27,78% meninas e 19,44 % meninos, afirmaram que gasta todo o dinheiro. FONTE: Elaborado por Fábio Rocha Aragão e Maria Francilene Cavalcante de Oliveira (2018) Educar para um consumo consciente resume-se em trabalhar o planejamento financeiro, estimular a pesquisa de preço, conscientizar quanto a necessidade do consumo necessário para sobrevivência, e a reutilização de produtos e embalagens, e a separação dos resíduos. Dos alunos que participaram da pesquisa 47,22%, sendo 27,78% meninas e 19,44% meninos, declaram ter conhecimento de como ter um consumo consciente, já 52,78%, sendo 22,22% meninos e 30,56% meninas, alegam não ter conhecimento. A prática do consumo consciente beneficia de forma individual, e também ajuda nosso planeta. FONTE: Elaborado por Fábio Rocha Aragão e Maria Francilene Cavalcante de Oliveira (2018) Os alunos avaliaram o projeto em notas de 0 a 10 e 77,77% atribuíram a nota 10 , 5,56% deles deram nota 8, 5,56% nota 6 e 2,78% nota 5. Conforme o gráfico abaixo. FONTE: Elaborado por Fábio Rocha Aragão e Maria Francilene Cavalcante de Oliveira (2018) Esse trabalho destaca a necessidade de inserir, no conteúdo programático das escolas, temas transversais, como educação financeira que capacitem nossos alunos para resolverem problemas de seu cotidiano formando assim pessoas conscientes e críticas de suas realidades. 4 REFERÊNCIAS BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacional: matemática/ Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/ SEF, 1997 DANTE, Luis Didática da resolução de problemas da matemática. São Paulo. Ática :Ática,1995. MIANI, Marcos- Matemática: 8º ano / Marcos Miani. 1 ed.- São Paulo: IBEP, 2012. SAMPAIO, Fausto Arnaud. Jornadas.mat: matemática, 8º ano: Ensino fundamental / Fausto Arnaud Sampaio . 3 ed. São Paulo : Saraiva.2016 D’AMBROSIO, Ubiratan. Etnomatemática: elo entre a tradições e a modernidade. Belo Horizonte: Autêntica 2001 LIMA, Lauro de Oliveira, 1921- Piaget para principiantes, 6 ed- São Paulo: Summus,1980 acesso em: 20 maio de 2018. .Acesso em 30 jun. 2018, 21:30:29. Acesso em 30 jun. 2018, 23:30:17. .Acesso em 30 jun. 2018, 22:44:09. . Acesso em 01 jul. 2018, 00:21:39. < http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/portal-do-ideb-por-escola-esta-disponivel-para-consulta/21206> Acesso em 11 set. 2018, 23:21:19. . Acesso em 20 set.2018, 11:06:32 . Acesso em 20 set.2018, 11:42:15Downloads
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Publicado
2020-04-08
Como Citar
Cavalcante de Oliveira, M. F., & Aragão, F. R. (2020). A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO ENSINO FUNDAMENTAL. Caderno De Graduação - Ciências Exatas E Tecnológicas - UNIT - SERGIPE, 6(1), 21. Obtido de https://periodicos.set.edu.br/cadernoexatas/article/view/6670
Edição
Secção
Artigos
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