INFLUÊNCIA DO NEOCONSERVADORISMO E DO FAMILISMO NAS DINÂMICAS E PERCEPÇÕES DO DIVÓRCIO NA SOCIEDADE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
DOI:
https://doi.org/10.17564/2316-3801.2024v12n2p563-576Resumo
O presente artigo tem como objetivo examinar a influência do neoconservadorismo e do familismo sobre as dinâmicas e percepções do divórcio na sociedade contemporânea, com foco no Brasil. A partir de uma análise crítica da evolução histórica e socioeconômica da família, destaca-se como a política social brasileira tem sido moldada pelas diretrizes do Welfare State, adaptadas a um capitalismo dependente. O estudo revela que, a partir dos anos 1990, com o declínio do Estado provedor e a ascensão das políticas neoliberais, a família passou a ocupar um papel central nas políticas sociais, sendo considerada a base da sociedade capitalista. No entanto, essa ênfase desresponsabiliza o Estado de seu papel na garantia dos direitos sociais universais, exacerbando a desigualdade social e a fragilidade das relações familiares. Por fim, traça uma análise de como o familismo, promovido pelo neoconservadorismo, reforça a idealização da família patriarcal-monogâmica e estigmatiza o divórcio, criando uma tensão entre a valorização da unidade familiar e as realidades contemporâneas das relações conjugais. Conclui-se que essa perspectiva conservadora perpetua as desigualdades de gênero e dificulta a busca por soluções mais inclusivas e adaptáveis às necessidades das famílias modernas, destacando a importância de políticas públicas que reconheçam e apoiem a diversidade dos arranjos familiares na sociedade contemporânea.