MARCAS DA MEMÓRIA: TRAJETÓRIA DE UMA PESSOA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA EM UM CURSO DE MEDICINA
DOI:
https://doi.org/10.17564/2316-3801.2021v9n2p702-714Resumo
Este artigo busca apresentar a narrativa de uma médica neurologista com deficiência auditiva em sua trajetória num curso de graduação em Medicina, no Brasil. A pesquisa é exploratória e de abordagem qualitativa. Em razão da Covid-19 e das medidas de distanciamento social a entrevista ocorreu no sistema de perguntas-respostas via e-mail. Os resultados foram avaliados utilizando a hermenêutica interpretativa de Ricouer e a análise de conteúdo de Bardin. Destacou-se a pouca empatia dos professores-médicos, insensibilidade da instituição de ensino com o processo de inclusão e o maior grau de exigência a que a entrevistada esteve submetida em função de sua deficiência. Conclui-se pela importância de mais trabalhos sustentados nas histórias de vida de pessoas com deficiência. Nesse aspecto, a memória deve ser entendida como elemento capaz de captar subjetividades, constituindo-se num processo contra-hegemônico importante na discussão das vulnerabilidades.